domingo, 2 de agosto de 2009

Felicidade?!


Eu não sei ser feliz. Sempre achei isso, mas sempre achei que as pessoas me achariam louca também.

Então, não deixando a minha mania de querer agradar a todos menos a mim mesma de lado, engoli. Mas entalou. E não sai.

Mesmo se eu beber trezentos litros de água, tossir ou vomitar. Não sai.

Fica ali, no meio da minha garganta, me lembrando a todo momento que eu não sei lidar com a tal da felicidade.

Não é a rejeição, a saudade, o machucado. Nada disso. Não é a tristeza que doi de verdade.

O que doi de verdade é a felicidade. Ser vítima é mais fácil.

Lamentar, reclamar, chorar, espernear, culpar.

Tudo isso é anos luz mais fácil do que se permitir ser feliz.

Sem medo de errar, durante uns noventa por cento da minha vida, eu reclamei por estar gorda, ter cabelo enrolado, estar sozinha, ser feia, desajeitada ou por me sentir excluida.

Durante todo esse tempo, eu acordei todos os dias pensando no que poderia fazer para mudar o que me deixava para baixo.

Ao mesmo tempo em que eu buscava a felicidade, buscava a mim mesma.

A vida é muito complexa, e para diminuir a minha impotência diante a sua complexidade, eu vesti a capa de coitadinha e sai por ai. E agora? O que eu faço? Como eu vou viver sem a minha capa?

É como aquela história da terceira perna: não me permitia andar, mas fazia de mim um tripé estável.

Não felicidade, não vai embora não! Eu só quero que você me ensine a lidar com a sua vinda, principalmente porque me contaram que esta é sempre breve.

Aceita um café? Bolo? Se eu for uma boa anfitriã, a senhora fica mais um pouco?

Entre todas as variações da felicidade, a mais difícil é a respectiva ao amor. Independentemente do que se ama, tirando o amor próprio, já que eu nunca o conheci muito bem, se ama aquilo que está fora de nós e, portanto, está fora do nosso controle.

Mas sabe, se eu não consigo ao menos controlar as ações provocadas pelos meus próprios hormônios, como eu poderia querer controlar as outras pessoas?

Pessoas são complicadas, mas a felicidade é mais.

A felicidade me deixa tão leve que eu tenho que me prender a tantas neuras só para não sair voando por ai e, quem sabe, cair sem para-quedas de volta a realidade.


(Caroline Novaes)