sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Um texto que todo ou quase todo homem precisa ler

Alguns caras trepam como se estivessem realizando aqueles circuitos que viraram moda nas academias: executam 10 repetições de cada posição, só, provando que não dão a mínima aos importantíssimos sinais dados pela parceira; achando que conseguirão fazer com que ela, no dia seguinte, à colega diga: “Amiga, ontem eu transei com um cara mais gostoso do que lasanha sabor 'Adam Lavine'!" Dão 10 bombadas de papai viciado em telejornal na mamãe da vez, aí metem 10 vezes na mina de quatro enquanto se admiram no espelho e se sentem o Frota da rodada, então mandam 10 fincadas com a mina por cima desprezando os peitos que estão ao alcance da boca, daí 10 entradas na tesoura invertida ao quadrado carpada morrendo de desconforto por estar assim, então 10 pintadas sofrendo para segurar a moçoila no colo... Você nunca ouviu falar deles? Chegou agora de Marte? Entre no Reclame Aqui e, rapidamente, encontrará uma porção de mulheres reclamando dos homens que se acham “los más transadores del mundo” porque têm repertório vasto de posições e fazem questão de demonstrá-las até mesmo em locais que permitem, no máximo, uma cavalgada contida de embaçar vidros e acionar buzinas. 


Se eu pudesse dar um recado a eles, pelo bem de vocês, leitoras? Aí vai: 

Primeira coisa que vocês precisam entender é: a vida real não é um filme pornô. Se no mundo da pornografia a variedade de ângulos é importante para agradar os mais diversos tipos de tocadores de bronha, na vida real ela importa tanto quanto o horóscopo do jornal. Ou menos. O que tem valor, então? 

O feijão com arroz executado no capricho e, principalmente, a capacidade – e vontade - para se adequar à resposta da parceira. 

O que eu quero dizer com isso? Simples: se ela está virando os zóios e parecendo possuída pelo Exú Caveirinha graças a um tipo de lambida (ou intensidade de metida), não mude, porra! 

Não invente moda. 

Não ouse. 

Não faça experiências. 

Se o ritmo está fazendo efeito, mantenha-o. “Ah, mas o Big Macky (um ator pornô tupiniquim e pirocudo) aplica mais de doze posições por filme!”. 

Foda-se Big Macky. Você não é o Big Macky, entendeu? É, no máximo, uma tortinha de banana. Banana Maçã.

Eu sei que você, depois de assistir ao filme no qual uma atriz suga a piroca do Kid Bengala de ponta-cabeça, plantando bananeira e fazendo Quadradinho de 8, quer tentar isso com todas as mulheres com quem trepa. Mas a vida real é outra fita, maluco! 

Fora dos filmes a qualidade importa muito mais do que a quantidade e as posições circenses. Compreende? Não estou dizendo que nunca poderá fugir do papai-e-mamãe ou coisa do tipo, porém, antes disso, treine o básico. Ou você acha que o Daniel San pegou a mosca com o hashi de primeira? Claro que não! Não imagina quantos casacos ele tirou e colocou, tirou e colocou, tirou e colocou... Aliás, antes de qualquer coisa: aprenda a tirar um sutiã sem parecer que está diante de uma equação insolúvel ou uma bomba-relógio com treze fios brancos. Sério. 

Cara, eu sei como as mulheres se sentem depois de uma transa com você. De verdade. Sentem-se como eu me sinto após uma degustação em que, depois de comer uma merreca de várias coisas, continuo faminto. Saca? Com vontade de passar em uma pizzaria ou requentar o arroz de sei lá quando. 

Sexo não é degustação gourmet irmão: se ela fizer “hummmmmmm” ou disser “aí que delícia”, não troque o prato. E daí que você ainda nem mostrou seu pirarucu com purê de palmito e redução de pequi? Se ela está pirando no seu arroz com ovo, deixa-a se esbaldar e, até, repetir a dose. Aí, na próxima vez, você apresenta algo novo. E assim vai indo. Não adianta jogar todas as cartas de uma vez, manolo. 

Agora volto a falar com vocês, mulheres: 

Por favor, não digam “ai que delícia” em vão. Pois é fundamental que as suas expressões sejam coerentes com seus sentimentos, OK? Ou o cidadão insistirá em algo que nem cosquinha faz. Mais uma vez fazendo analogia com o universo das comidas: se ele fizer um prato horrível e você disser “aí que delícia”, corre o risco de ele repetir o prato, mil vezes, com o intuito de agradar. Só mande um “hummmm” quando estiver realmente bom, de lamber os beiços (curtiu a malícia?). 

Quando não estiver bom, porém, faça cara de “é só isso que tem pra mim?”. Pode parecer coisa de gente sem coração, mas é só assim que conseguirá ajudá-lo a melhorar. 

E não pense que apenas homens pensam que sexo é CrossFit, não. Pois muitas mulheres agem da mesmíssima forma. Ou seja, não seja uma delas. 

(Ricardo Coiro)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O amor é um sopro diário...

O amor está bem mais para feijão com arroz feito no capricho do que para o complexo prato de bistrô que comemos somente em datas comemorativas, cujo nome nós não conseguimos nem pronunciar.

O amor, apesar de exigir de nós constantes contorcionismos, tem muito mais a ver com um papai-e-mamãe cheio de entrega do que com elaboradas posições do Kama Sutra realizadas apenas a pedido do ego que, vez ou outra, coloca em xeque o nosso próprio desempenho.

Engana-se, redondamente, porque amor é, principalmente, a carícia verdadeira que acontece numa terça-feira comum; é o beijo na testa que antecede uma segunda-feira cheia de e-mails na caixa de entrada. 

O amor, apesar de ser comumente representado por buquês imensos de rosas colombianas e por declarações de parar quarteirões, a meu ver, está muito mais para um “Eu adoro a cara que você faz quando acorda!” dito espontaneamente num domingo de manhã. Ou para um cafuné que continua a acontecer, a todo vapor, mesmo depois que os dedos começam a doer e o sono ameaça nos desligar.

Amar é aprender a dizer “Tá” em vez de “VÁ SE FERRAR!”; é arranjar forças para fazer silêncio quando houver vontade de berrar as tripas.

Amar é deixar uma blusa extra no carro por saber que ela vive a sair de casa sem consultar o Climatempo; é reservar apenas hotéis que têm secador de cabelo para evitar que ela caia no mundão de madeixas molhadas.

Amar é entender que em uma relação normal há muito mais calcinhas beges e confortáveis do que fios dentais de oncinha.

Porque amar é aliviar a pressão, não aumenta-la. 

Amar não é preparar duas surpresas mirabolantes por ano e passar 363 dias sem tocá-la direto na alma. 

E por aí vai... O amor, em minha opinião, está mais para pijamas velhos, pernas entrelaçadas sob o edredom e maratonas de séries na TV do que para as poses repetidas e os beijos milimetricamente arquitetados que vemos em festas de casamento.

O amor é dia a dia, é manter os corações lado a lado faça chuva ou faça tempestade de sapos à la Magnólia; não é só aquilo que é retratado – e postado - em dia de solão, céu azul e feriado. 

O amor é um sopro diário que não deixa a chama apagar, não fogos de artifício lançados sazonalmente para tentar reacender uma fogueira que já não aquece mais.

(Ricardo Coiro)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Comigo não precisa ser à meia luz (um texto que é uma declaração de amor)

Você saiu da banheira num pulo e, de maneira acrobática, aplicou um giro rápido de 180º e se dirigiu ao banheiro fazendo uma espécie de moonwalk para que eu não conseguisse olhar diretamente à sua bunda. Em um piscar de olhos, conseguiu escondê-la sob um desnecessário roupão. 

Sim, eu sei que mesmo depois de alguns bons meses juntos - e fodas caprichadas, e garrafas de vinho extintas, e nossos suores pra lá de misturados... - você ainda tem vergonha de mim e, infelizmente, não consegue livrar-se do medo que tem de expor suas características humanas aos meus olhinhos - não menos humanos. 

Pois saiba que, muitas vezes, priva-me de seus melhores ângulos, agindo como se eu fosse um crítico ranzinza daqueles programas culinários que infestaram a TV; como se eu estivesse esperando apenas uma oportunidade para humilhá-la. 

Só que não... Quero que saiba, de uma vez por todas, que não deixarei de amá-la nem um pouquinho nas tantas vezes em que ainda irá tropeçar e cair, como qualquer pessoa faz. Pelo contrário: vou sempre levantá-la pelos pulsos e, quando isso não for possível, vou jogar-me no chão junto com você para rirmos das merdas da vida, do quanto as coisas simplesmente desandam às vezes, feito maionese caseira rebelde. 

Porque gosto mesmo quando você foge do script e não percebe que está com a pontinha do nariz suja de sorvete. Adoro quando nos teletransportamos da balada direto à cama e quando, sobre seu colchão pequeno, a deixo sem forças até para tirar a maquiagem. Pois no dia seguinte você fica linda parecendo um panda de ressaca. 

Quero que saiba já - e não daqui a pouco! - o quanto eu a acho bonita mesmo quando faz careta, mesmo quando se acha horrível. 

Não tem ideia de como eu ficaria feliz se você, ao menos uma vez, relaxasse e soltasse a barriga enquanto comemos Doritos sentados e pelados sobre o tapete da sala. 

Eu não tenho nada contra suas dobrinhas e espero também que não tema minha barriga cultivada à base de cerveja, bordas recheadas amanhecidas e ausências na academia. 

É claro que acho você uma gostosa dentro calcinha de renda preta, mas preciso realmente que saiba o quanto adoro ver você recheando aquela camiseta velha da sua formatura do terceiro colegial ou montada naquelas Havaianas que considera impróprias a certos ambientes. 

Adoraria que você se esquecesse de me pedir para apagar a luz e me permitisse devorar com os olhos cada cantinho seu – porque, afinal, se estou com você agora, significa que é com você que quero estar e que a desejo do jeitinho que é, maravilhosa como insiste em não se enxergar. 

É óbvio que aquele saltão me dá uma puta vontade de morder suas panturrilhas, mas peço que use mais vezes aquela sapatilha vermelha super confortável, e sabe por quê? Pois tenho tesão também pelo seu bem-estar e por saber que em minha frente - e sobre mim, e ao meu lado, e comigo... -, sente-se realmente livre para ser humana - a pessoa pela qual me encantei. 

Não estou pedindo para fazer cocô de mãos dadas comigo. Nada disso! Peço, apenas, para despir-se de verdade: remova não apenas as roupas, mas também essa desnecessária vontade de parecer perfeita. Eu sei que não é, e, mesmo assim, continuo louco por você. 

(Ricardo Coiro)

Eu gosto assim