sexta-feira, 29 de maio de 2015

Por um amor que te permita fraquejar


“Eu serei seu porto seguro. Você precisa de um lugar para não ser Catherine Avery. Para não ser decisiva, não resolver tudo sozinha e alcançar todas as realizações que o mundo espera de você. Você precisa de um lugar onde possa desmoronar. Eu serei esse lugar. Sempre que precisar. Por toda a eternidade.”

Essa foi a declaração de amor mais bonita que vi nos últimos tempos e foi em uma série de TV. Shonda Rhimes sempre sabe o que precisamos e o que nos toca. Somos modernas, fortes, independentes. Mas tem alguns momentos em que a gente não quer ser nada disso. Queremos apenas chorar, sentir o coração despedaçado e ser aceitas por quem somos: cheias de falhas, medos, inseguranças e cicatrizes. Todas as pessoas são assim e não tenho medo de generalizar.

Muitos amores pedem força. Pedem que você mantenha o seu papel em todos os momentos sem folga, sem domingos ou feriados. Há amores que não aceitam lágrimas em propagandas de margaria e muito menos em propagandas de carros passando por praias desertas e montanhas majestosas. As lágrimas sem explicação existem e precisam sair.

A gente quer amores fortes, mas também quer amores que desmoronem, que chorem, se descabelem. Queremos amores que nos permitam ser completas, inteiras, imperfeitas. E é por esses amores que a gente luta, que a gente corre e se despe. Física e emocionalmente.

Pessoas e amores têm muito em comum. Nunca são perfeitos. Cada um enxerga de uma forma. E tocam de maneira totalmente diferente cada pessoa. Encontrar alguém que te complete, aceite e esteja ali para enxugar suas lágrimas ou segurar seu cabelo enquanto você vomita não é sobre amor romântico, é apenas sobre amor.

Todos precisamos de alguém. Não precisa ser um amor seguido de casamento e filhos. Apenas precisamos encontrar nossa pessoa, aquela que nos olha com admiração, fala verdades e nos permite sermos nós mesmas. Precisamos de um porto seguro para desmoronar, transas a gente encontra com facilidade.

(Carol Patrocínio)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

...

Eu quis te seguir, quis compartilhar minhas escolhas e acompanhar os seus passos. Mas não deu, não deu. Faltou pouco pra eu trilhar uma rota pra gente ir caminhando lado a lado, mas esse pouco bastou pra eu pegar o primeiro retorno e voltar sozinha.

Eu não soube acompanhar seus passos retos, sou cheia de curvas aqui e ali. Não deu pra te ligar na hora que você me pediu porque não sei olhar para o relógio. Eu vivo de saudade e quando ela aperta eu sei que está na hora, mas sua programação intacta me deixou sem tempo.

Foi difícil abrir mão e nos convencer de que não iríamos muito longe. Mas se os dois não remam juntos, o barco não sai do lugar. E foi assim que me senti: sem conseguir ir em frente. Como se fossemos feito de chumbo que não deixa prosseguir.

Eu quis perder os sentidos de ansiedade. Porém, estava vazia de borboletas. Não deu pra me animar com a rotina, você sabe como eu gosto de um atraso e por mais que eu tentasse seguir o plano, já estava distraída demais para continuar.

Às vezes o amor é aquela faísca que se assopra e assopra de novo, mas não se torna fogo. Não adiantaria mais gastar fôlego, não tinha sido dessa vez. 

Fiquei ofegante com os meus sopros incansáveis e, ainda sim, o fogo não veio, não esquentou.

(obvious)

terça-feira, 19 de maio de 2015

:)

"Me atirar lá do alto na certeza de que alguém segurava-me as mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo: do que não ficava pra sempre."

(Antônio Bivar)

terça-feira, 5 de maio de 2015

Simples vida



Hoje, uma mulher perguntou:

“Ique, já fui fácil, não deu.

Já fui amorosa, não deu.

Já fui fria, não deu. Já fui meio termo, não deu.

Depois de certa experiência de vida

resolvi ser eu mesma em um último relacionamento

e advinha??

Novamente não deu.

É ruim saber que o meu EU também não agrada,

é como se eu estivesse sem alternativas agora”.




Eu tinha uma amiga

que fazia tudo por homem.

Mudava da água pro vinho.

Um dia, patricinha.

No outro, rockeira com piercing na língua.

Se o cara não gostava do emprego dela,

ela largava.

Se o cara não gostava de maquiagem,

ela não usava.

Um dia, ela me disse:

“Ique, não consigo ser feliz”.

Então, fizemos um trato.

Eu tinha que parar de roer a unha

e ela ficar solteira por um ano.

Nesse um ano,

ela descobriu que

não era patricinha e nem rockeira.

Ela era, apenas, uma menina.

Dramática e que falava pra caramba.

Que gostava de sair para beber com os amigos,

e para dançar com as amigas.

Amava usar maquiagem

e falar um monte de bobagem.

Ela gostava de ser ela mesma.

Sem rótulo

ou estereótipo.

Solteira, ela descobriu

como é bom ser uma mulher inteira.

Que ela, era ela mesma.

Isso não é um problema.

É uma mistura de virtude

com atitude.

Se não encontrar alguém

a vida não vai acabar.

Sabe, de verdade.

A gente não vem ao mundo

com a missão de beijar e transar.

Para alguns até pode ser.

Mas eu prefiro acreditar

que a missão é amar.

E amar não significa

ter alguém na cama para transar.

Muitas mulheres

já me disseram não.

Isso nunca me incomodou.

Porque se a pessoa não me deu uma chance,

a vida me dá um monte.

E isso é muito mais excitante.

Eu amo ir ao cinema.

Quando vou acompanhado é ótimo.

Quando vou sozinho também é.

Muitas pessoas vão dizer que não é possível.

Que ninguém gosta

ou vai ao cinema sozinho.

Do mesmo jeito

que eu não bebo e toda vez alguém pergunta:

“Você não bebe?

É impossível alguém ser feliz sem beber”.

Ah, como essas regras são chatas.

O que adianta ser feliz pra sociedade

e infeliz na realidade?

To fora.

Acorda.

Nesse mundo,

sempre vai existir o cara babaca

e gente amarga.

Sempre vai existir o chato,

ou aquele que

passa a vida inteira tentando

te colocar pra baixo.

Então, depois de certa experiência de vida,

eu resolvi deixar esse mundo de lado.

E comecei a fazer da minha vida

algo extraordinário.

Porque pra ser feliz

você não precisa de alguém.

Você só precisa amar, todos os dias,

a sua extraordinária

e simples vida.




(The brocode)