Abaixei o som e deixei os Beatles tocando em um volume quase imperceptível, já fazia aproximadamente três meses que não os escutava mesmo gostando tanto. Em suspiros, debrucei-me sobre a varanda com meu copo de café, velho acompanhante nas horas do vazio, e comecei a torturar minha mente pensando em você. Faz tanto tempo não é? Tomei um longo gole. Tanto tempo que quase não me lembro do porque da gente se separar. Respirei profundamente.
Em um momento de descuido, me peguei olhando pras estrelas e dei um sorriso. Só não me separei ainda da mania que adquiri desde que a gente se conheceu. Mania de infinito. Você me conhece, sempre tento dar meu jeito. Eu encontrei o caminho da infinita visão… Essas coisas grandes, sabe? O céu, o mar, a lua, as estrelas. Não há uma vez que eu visite a praia e dê de frente com o mar e não penso se você não estaria de frente pra ele agora e olhando pro mesmo horizonte que eu. Nenhuma vez que eu olhe para o céu à noite e penso se você não estaria observando as estrelas também. Naquele resquício de som, acompanho a música e sussurro para o vento carregar minhas palavras: “I wanna hold your hand…”.
(Kalil Fagundes)