terça-feira, 10 de março de 2015

Amores tranquilos

Nunca entendi algumas pessoas na vida. Aquelas que gostam de batata frita com sorvete. As que preferem cidade à natureza. As que mandam indireta no facebook. Mas se tem um grupo de pessoas que me deixam mais confusa ainda, são aquelas que gostam de amores turbulentos.

Esse tipo de gente que é viciado numa briga. Que acha o melhor sexo do mundo aquele de reconciliação. Que usa a criatividade para inventar coisas que não existem só pra soltar faísca. Que tem orgasmos ao ganhar uma discussão. Que fuça no celular do outro torcendo pra achar qualquer coisa pra pegar no pé. Que tem como esporte favorito jogar coisas na cara. Que acha que "amor tranquilo com sabor de fruta mordida" só é bom mesmo na música do Cazuza.

(...)

Tem gente que acha que brigar todo dia ou toda semana é normal. Que acha normal levantar a voz para o outro, xingar a mãe, quebrar pratos, dizer um monte de barbaridades e, depois ir dormir de conchinha.

(...)

Assim como não entendo, mas respeito, quem gosta de batata frita com sorvete, respeito quem sofre de abstinência quando fiam muito tempo sem brigar. Cada um sabe a dor e os prazeres de ser quem é, e aina bem que existe livre arbítrio no mundo. Eu, no entanto, gosto de um amor tranquilo. (...) Na sensação de poder se jogar com a certeza que o outro vai segurar. Na sensação de entregar o coração na mão do outro e ter a certeza de que ele vai cuidar tão bem como se fosse o dele.

Porque de guerra o mundo já está cheio.

(Jaque Barbosa - Casal sem vergonha)