sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dor de amor!


As pessoas se compadecem e legitimam qualquer tipo de sofrimento - exceto sofrer por amor.

Alguém morreu, perdeu o emprego, ficou doente, está atolado em dívidas - Pode!

Sofrer por amor? De jeito nenhum!

Por isso que é tão difícil enfrentar de peito aberto e admitir. A sociedade incentiva a fuga.

Os amigos te dizem pra cair balada - imediatamente uma substituição - jogar tudo fora, não lamentar, não chorar, não pensar na morte (que absurdo!?? ), não ter recaídas. “Faz uma viagem que passa!”..não é assim? Sabe o que eu acho? Só passa assim, quando é fogo de palha!

Muita gente que corrobora com essas teorias todas conhecem apenas isso, a paixonite, o fogo de palha! E esse é o tipo de sentimento que cura fácil sim, com qualquer esquema, muitos amigos, uma tática e jogando bem!

Mas você conhece alguém que já sofreu por amor (de verdade)?

Pensa que tem luto só quem já perdeu alguém pro outro plano? O sofrimento que vem de um rompimento amoroso e de amores não correspondidos, é na maioria das vezes, silencioso.

Porque a gente se expõe até a raiz, a gente revela um tipo de fraqueza que ninguém mais conhece - só o fulano! E mais que isso, a gente alcança o ridículo na plenitude.

Como conversar com o espelho, sabe? As pessoas não podem te ver nua e crua ou chorando como uma menininha que perdeu o doce preferido. É vergonhoso, é pequeno.

Vão dizer que você é forte, que é capaz de superar tudo e quem dirá, alguém!

Não entende dor de amor quem não sofreu ou escavou poços pra matar essa sede que não passa.

Minimizar um sofrimento, é não fazer parte de um universo onde os problemas mais difíceis a serem resolvidos são aqueles entre "você e você"- desarmada- fraca- vulnerável- à flor da pele.

Quem dá a cara pra bater e assume suas noites de tristeza e seus medos? O “nunca mais alguém”, é assustador - angustiante, de dentro pra fora - vai pelo corpo -e adoece.

O “nunca mais alguém” é um pesadelo revelando uma solidão que não tem nome porque um dia, você sequer imaginou que ela existisse.

Caio Fernando Abreu disse em sábias palavras: “Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou esse nó no peito, agora faço o quê?”.

É assim que dói o amor que não será- e o sentimento que não conhecerá a glória.

É a tradução do “melhor em nós desperdiçado”.

Nada passa, nada substitui e nada faz de conta.

Via de regra não morreremos de amor e a vida não pára pra sempre.

Há de se seguir a correnteza porque como em tudo, existe a nossa imensa força e o encontro inevitável com outras histórias. Só não se faça de Rei imune- o amor pode ser a maior dor que alguém já teve pra contar - ( e nunca teve coragem ).


(Fabiana Borges)