quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Balanço de 2010

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Na verdade eu não gosto da nostalgia que o final de ano trás. Esse balanço inevitável que faço da vida e que vejo todo mundo fazendo, sobretudo quando o ano foi em grande parte , uma merda.

Um ano de sentimentos e poucas ações. Um ano que não foi generoso comigo e com as pessoas que mais amo.

2010 foi um ano em que me senti empacada justamente por não ter aprendido o suficiente com os erros dos anos anteriores, em tudo, e pra quem acredita em sorte, ela também me abandonou. Isso tira de mim qualquer energia, qualquer entusiasmo diante da família reunida ou da mesa.

Não foi um ano bom. Nem física ,nem emocionalmente, nem financeiramente. Me sinto triste e desanimada.

Ao meu redor, por mais que as pessoas disfarcem ou por mais que alguns não vejam, tudo parece ter uma pedra gigantesca no caminho. Simplesmente podia ser fácil como pular sete ondas. Não foi. Não está sendo. Nem será.

Difícil encontrar agora, algumas respostas para os males do ano que termina. Infelizmente não existe essa mágica que transforma a vida com uma calcinha de cor especial ou comendo lentilhas. E Papai Noel pra ser exata, morreu quando eu tinha uns sete anos.

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2010 passou um trator nas minhas fantasias. Eu acho que nunca me deparei com situações onde eu vi o ser humano tendo tanto prazer em ser desumano, prazer na maldade, orgulho de não ser generoso e bater no peito por amar a si mesmo e mais ninguém. Ano em que posso afirmar ter perdido completo apego por gente que nunca de verdade se importou comigo ou com a minha vida.

Até aquele amor que eu costumava ver em tudo, já era. O amor com o qual eu muitas vezes construí ou resconstrui algumas pessoas nessa época do ano, já era. E com pesar posso dizer que é como se um tipo de sentimento pro qual levantei bandeira com fervor, nunca tivesse existido.

Em outros tempos eu terminaria esse texto falando de esperança. Mas nesse momento posso revelar que não me sinto confortável com algo que sinto ter perdido entre tantos momentos desse ano. E então eu prefiro contar mesmo com o que ainda me resta : Fé em Deus.

(Fabiana Borges)