quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Centenário de Noel Rosa

Fita Amarela


Quero que o sol
Não invada o meu caixão
Para a minha pobre alma
Não morrer de insolação


Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.


Se existe alma
Se há outra encarnação
Eu queria que a mulata
Sapateasse no meu caixão


Não quero flores
Nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta
Violão e cavaquinho


Estou contente,
Consolado por saber
Que as morenas tão formosas
A terra um dia vai comer.


Não tenho herdeiros
Não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos
Mas não paguei a ninguém


Meus inimigos
Que hoje falam mal de mim,
Vão dizer que nunca viram
Uma pessoa tão boa assim.


(Noel Rosa)