quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Então, é isso...

Quando tinha 13 anos,
pedi pra Júlia, dizer pra Ana Carolina,
que eu gostava dela.
Fiquei atrás da porta para escutar.
Julia:
“O Ique gosta de você Aninha.”
Ana Carolina respondeu:
“Ele é feio. Não gosto dele.”
Afastei da porta.
Voltei pra casa chorando.
Peguei um papel e escrevi:
“O que é amor?”
Fiquei 20 minutos olhando para o papel.
Dobrei e guardei.

Se me permitem, depois de 20 anos, gostaria de continuar o texto.

Hoje quando cheguei em casa,
vi minha mãe no quarto dos fundos, chorando.
Corri para abraça-la.
Ela chorando, disse:
“Sinto falta do seu pai”
Respondi:
“Eu também mãe.”
Ela:
“Sinto falta do cheiro dele,
do abraço,
do beijo.”
Seguro o choro, e aperto mais forte o abraço.
Ela:
“Sinto falta das viagens juntos,
do ciúme dele,
de como ele segurava a minha mão para atravessar a rua.”
Sinto falta dele abrir a porta do carro pra mim,
de trazer flores toda sexta feira,
do beijo de boa noite.”
Olho pra cima, respiro e seguro o choro.
Ela continua:
“Sinto falta da voz dele,
do som da risada,
da mão dele pelo meu corpo.”
Começo a chorar e falo:
“Mãe! Filho presente!”
Ela chorando, dá um sorriso e diz:
“Seu pai era ótimo na cama!”
Enxugando as lágrimas respondo:
“CARALHO MÃE!”
Ela sorrindo diz:
“Sinto falta dele me chamar de “ENE!”,
de dançar,
do beijo de bom dia,
do sexo pela manhã.”
Dei um beijo nela e disse:
“Tudo vai ficar bem.”
Ela sorriu e foi se deitar.
Vou até o quarto do meu pai.
Conto o que minha mãe disse.
Ele começa a chorar.
Pega o ipad e escreve:
“Amanhã, compre rosas vermelhas.
Não deixe sua mãe ver.”
No outro dia, a noite.
Entro no quarto do meu pai.
Ele escreveu:
“Chame sua mãe.”
Ela entrou no quarto.
Ele começou a escrever.
Quando terminou, me entregou o ipad.
Estava escrito:
“Coloque a música dos Beatles: Yesterday.
E entregue as rosas.”
Coloquei a música.
Entreguei as rosas.
Minha mãe começou a chorar.
Continuei a ler:
“Há 35 anos atrás,
coloquei a sua música favorita e lhe pedi em casamento.
Foram os 35 anos mais felizes da minha vida.
Não quero que acabe.
Por isso luto todos os dias para viver.
Só para ter mais um dia ao seu lado.
Para ter o seu beijo de bom dia.
Sentir o seu cheiro.
Seu abraço.
Sentir o seu corpo encostando no meu.
Escutar a sua voz, suave.
Não posso falar,
mas posso sentir,
que você é o amor da minha vida.
Agora…
Pegue a mão da sua mãe,
e a chame para dançar.”
Entreguei o ipad pra ele.
Peguei a mão da minha mãe.
Começamos a dançar.
Ele passou a música sorrindo.
Quando terminamos.
Minha mãe pegou o ipad, estava escrito:
“A única razão, de ainda estar vivo, é você.”
Os dois se olharam,
e as lágrimas escorriam na mesma velocidade.
Naquele momento, descobri.
Quando o olhar,
for mais forte que tocar,
é Amor.

(the bro code)