domingo, 8 de junho de 2008

Asas


O máximo que podemos esperar das pessoas , é aquilo que já está na cartilha do que já vivemos juntas. Nem mais nem menos. Nada de rosas. E-mails que nunca terão respostas. Um telefone que nunca tocou. Nenhuma surpresa às16:13h de um sábado qualquer. Já não me espanta perceber que algumas lembranças não passam de um choque de consciência a respeito de um passado morto .


Esquecer os delírios ou me tornar uma mulherzinha amargurada que amou o mesmo sujeito a vida inteira? Acordo e penso " É hoje " , chuto a ansiedade . É como se eu voltasse daquele sonho/pesadelo e me envolvesse apenas com tudo que posso sentir ." É hoje que eu vou ser feliz". Quero meu pedaço de vida de cinema. Jantar, beijo na boca, celular desligado, perder o juízo, o salto quebrado e alguém segurando a minha mão. Eu preciso falar bobagens pra quem gosta de ouvi-las, dizer " sim", me fartar de um desejo correspondido e permitir que uma noite me leve a outra, e a outra e a outra... Pra que razar por pouco, se eu posso ter tanto? Pra que migalhas , se é tão bom brincar de infinito? O amor não é uma escolha. A escolha está entre enfrentar ou fugir, entre seguir juntos ou esquecer.

Eu não preciso ir longe pra entender ou correr o risco de encontrar o pior. É tudo tão claro. Ausências, silêncios. Fatos. Antigas poesias num papel amarelado. Correntes quebradas e uma esperança novinha em folha.


Alguém me deu asas como se ordenasse :" Não tem jeito.Você vai ter que usá-las". E é pra longe que estou voando.


(Fabiana Borges)