domingo, 8 de junho de 2008

Morrer de amor!

Eu não sei que encanto profundo pode ter a vida pra quem nunca morreu de amor. Sabe o tal “mal necessário"? É bem por aí... Se você nunca morreu de amor, então morra de inveja. Não estou falando de um drama mexicano ou algo que deixa a vida em ruínas. Quem disse que a dor não pode ter poesia? É visceral, arrebatador, quase um nó na alma. Olhos cheios d'água. Febre e desejo de eternidade. Eu duvido que pular de pára-quedas, mergulhar com tubarões ou subir ao pico da neblina, tenham a mesma emoção e complexidade. O mesmo risco e a mesma compensação. Eu duvido que todos os chocolates que você já comeu na vida, tenham o mesmo sabor daqueles que a gente come enquanto as horas passam arrastadas e o telefone não toca.A emoção da simplicidade. Aquele momento que podia apenas passar , mas fica encaixotado na memória de tesouros. E se você não viu estrelinhas, sequer a beleza do mundo numa só pessoa (que pode ser a mais idiota e a mais feia de todo planeta), não sabe o que está perdendo!
Meus queridos, nenhum sentimento vem com o selo do "pra sempre", assim como nenhuma longa estrada é reta e portas não se abrem sem que você deseje imensamente que isso aconteça. O amor não é apenas o colorido que te enfeita ou te leva pra passear sem compromisso. Pra morrer de amor é preciso deslizar, equivocar-se, caminhar entre o sim e o não, não cumprir promessas, pedir perdão ou perdoar na mesma intensidade, dizer ”nunca mais “tendo a certeza que isso há de ser esquecido no próximo embate. Não morrer de amor é como ir ao cinema e não ver o filme, uma torta de chocolate sem cobertura. É como se o sentimento estivesse apenas do seu lado, e não dentro de você com todas as honras e todos os fardos que ele suporta ( e como suporta ! ).Você não pode desfilar pela vida sem entender a delícia de um arrebatamento. Pisar em ovos como se fosse o mais fraco dos mortais ou pular em terra firme como se o amor por si só, te fizesse capaz de enfrentar qualquer obstáculo.
Não passe pela vida sem entender porque alguém pode chorar baixinho ou encolher o corpo num soluço como se aquilo fosse o fim do mundo, ou porque raios a gente pega todos os grandes sonhos que poderíamos compatilhar entre tantos outros, e entrega entre sorrisos e dores, a um só.Talvez você vibre porque não sabe o significado de uma tristeza de arrancar o fígado, esse horizonte perseguido pelo olhar perdido, as dúvidas, fantasmas atravancando o seu caminho. Talvez você veja graça no preto e branco, no cinza e na chuva fina. O seu inabalável universo de passos contidos. Mas existe uma alegria que parece a bateria de uma escola de samba plantada no coração.
A incomparável ternura que é olhar alguém dormir como se tão quietinho, tão seu, tão juntos, nada pudesse vencê-los. A bem -vinda tempestade de beijos e abraços sem fim , e sexo , como se toda vez fosse sempra a última. Se você nunca morreu de amor, saiba que existe um lugar, diferente de todos os lugares, onde um vulcão e uma flor parecem feitos um para o outro. E ainda que não seja o paraíso, é sempre o melhor lugar do mundo.
(Fabiana Borges)