terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A mancha


Tem uma mancha no coração. Não respiro como antes, nem durmo.

Por onde eu vou me acompanha um pensamento sobre o que seria se não tivesse sido exatamente assim ou sobre quem eu seria se não tivesse acreditado tanto.

Existem dores por todo meu corpo. Não há espaço onde eu permaneça parada e não há o que me chame atenção sem que por alguns minutos eu não pergunte "porque?"

Tem que haver leveza em algum lugar dentro de mim.

Tem que haver uma esperança qualquer capaz de vencer o meu "não acreditar mais em nada".

Nada seria melhor que a ação do tempo, mas o tempo quase não passa e levo comigo essa pressa de que o tempo passe, sem que eu me cobre ter mais alguma coisa a perder, ter sonhos.

Não esqueço. São frases guardadas e elas voltam quando me surpreendo num sorriso ou na multidão.

É aquele momento que não posso mudar e que me desperta quando chega o sono.

E não durmo mais e parece eterno.

Me alimenta a incógnita -Nada será como antes / nenhuma pessoa será como antes?

Algo além do poder nosso de cada dia, ou de uma esperança me faria acreditar?

É isso que chamam ter fé? Já usei todas as metáforas.

E cada lágrima me serviu de uma teoria onde a esperteza de alguns esmaga os anseios de outros.

Onde a prece não muda o fato, onde a sorte não muda o caminho e onde apenas um momento dilui todos os outros.

É ela que tem me empurrado e ampliado qualquer sentimento triste ou eufórico.

É ela que me conduz a um planeta pequeno, vazio, habitado pelos meus medos todos.

É ela que me faz tão pequena como qualquer outro, tão fraca como tantos e tão estranha como nunca.

E se há um lugar para onde depois ela siga, e se há um momento onde me sinta limpa de novo e livre - que me empurrem os Deuses- é lá que preciso estar. O quanto antes.


mágoa

má.goa

sf (lat macula)

Desgosto, pesar, tristeza.