sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ele não te ama!


Só quem viveu, pra entender a indescritível e triste sensação de não ser amada.

É sem dúvida, difícil de engolir.
Pra onde vão os seus anseios enquanto ele não te deseja?

Pra onde seguem os sonhos enquanto ele leva uma vida feliz sem a sua presença?

Pra onde vão as esperanças quando se sabe (e como!), que a sua existência é livre de algum significado pra ele e que não se pode controlar essa verdade?

Pra onde está indo seu ego enquanto te rejeita ou rejeita as coisas que vêm de você?

Ele não te ama e essa certeza soberana que ocupa tanto a mente; não é capaz de trazer mudanças imediatas na sua forma insistentemente imbecil de conduzir as coisas nem a si mesma.

Tudo é lento e dói tanto!

Dor tão imensa quanto a urgência de esquecer.

E você passa a perceber o mundo avesso as suas vontades onde quase todas as perguntas que você se faz parecem não ter respostas, menos uma: "Ele me ama?" NÃO.
Você é sim, infelizmente capaz de amar quem não te quer.

Amar mesmo sabendo que ele é a pessoa mais chata da face da terra.

Amar sabendo que você poderia ser feliz de qualquer jeito menos perto de quem tem o dom de te fazer sofrer.

Capaz de vigiar as horas que passam e que não serão mais do que de horas perdidas.

E pior que isso, capaz de puxar a esperança pelos pés, suplicando.

Você é capaz de ofuscar o brilho da sua inteligência pra dar brilho a única coisa que parece importar: seus sentimentos por ele.
Como toda pessoa sensível, são dramáticos todos os conceitos que você tenta achar a respeito.

Como é dramática (e parece que verdadeira) a teoria de que enterrar dentro de si uma pessoa viva pode ser pior e mais doloroso do que levar pra cova alguém que morreu de fato.
Não morreu por acaso; nem por uma fatalidade, não foi levado por uma imprudência ou por uma violência qualquer.

Não morreu porque ficou doente ou porque o carro se chocou contra o muro.

Morreu pra você; saiu ou nem chegou a entrar na sua vida por escolha.

E se conformar que você não faz parte das escolhas de alguém que você ama, é permanecer num velório interno que dura bem mais que uma madrugada.
Ele continua no mesmo endereço.

O telefone é o de sempre e o e-mail também.

O nick ficará online de vez em quando pra testar sua força e os seus pensamentos viajarão uma vez ou outra pra um lugar de tortura onde ele estará nos braços de outro alguém.

E você ainda será seguida pelo maldito diabinho tal qual o dos desenhos animados, te guiando entre o inconformismo e bravura de dar a volta por cima.
A urgência de entender porque ele não te ama trás a mesma angustia repleta de incógnita, que tenta entender porque você o ama.

E aquilo que provavavelmente nunca terá resposta só acaba encontrando cura no tempo, que é talvez o único e eficaz remédio.

Certamente a vida há de seguir pra um lugar colorido de novo.

Um lugar onde a lembrança de que ele não amou você será somente a certeza de que todos nós podemos amar a pessoa errada de vez em quando e sobreviver.


(Fabiana Borges)